Inicialmente eram muito “peculiares”, regra geral moldadas com grande esforço pelos organizadores amadores, habitualmente à volta dos cabeços mais altos das regiões. Com saltos em bico, plantados ao acaso e meta nos campos de futebol, dando a impressão que o objectivo não era a competição, mas sim o desastre!!
Treinos prova pirata |
O Jorge Leite e eu chegámos a inverter o sentido de algumas pistas. Seria um suicídio colectivo passar vinte motos em competição quando não cabia sequer uma entre arvores… ( ver A Segurança )
Em determinada altura o volume de provas e o descalabro era tal que não existiam pilotos / motos suficientes para tanto evento.
Uma fiscalização prévia foi pedida pelos pilotos, o que levou a Federação a implementar uma taxa de aprovação aos organizadores ( c/ custo de deslocação para o elemento federativo ) para alguém lá ir antecipadamente aprovar a pista. Na prática nada era feito e o circuito era aprovado no dia em que chegávamos, recebendo sempre a federação o respectivo cheque reduzindo bastante os prémios atribuídos aos pilotos.
Muitas vezes, mesmo em provas Internacionais, os pilotos recusaram-se a correr já com a casa cheia. O publico tomava partido dos pilotos e tivemos casos de quase linchamento popular, ( ver O Publico ).
AutoSport 1983 |
Só nos anos 80 com a evolução do desporto se começou a regar “raramente” toda a pista
Alguns jornalistas evitavam mesmo acompanhar as provas, acabando por delegar nos pilotos e acompanhantes as reportagens ( ver A Comunicação Social ).
Excepção feita a raros clubes/organizações que tentavam copiar o que de melhor se fazia lá fora ( leia-se Espanha ). Estas pistas eram desenhadas por pilotos e mecânicos que fora de horas, eram também organizadores e até mesmo delegados da federação ( à falta de alguém c/ responsabilidade federativa na prova ).
AutoSport 1983 |
1983 - Trofeu Internacional Jornal MotoCross
Esta gente chegou a criar circuitos relvados para evitar o pó ( era como correr num campo de golfe ) , e mesmo organizar troféus em pistas de nível mundial trazendo alguns dos melhores campeões nacionais/mundiais.
1979 - Campeonato Nacional Senior 125 - Vagos - Pista do Cruzeiro - Yamaha YZ F |
Por vezes eram utilizados os circuitos de autocross, nesses dias era como andar numa auto-estrada de 6 faixas a 500 à hora..
1979 - Extra-Campeonato - Pista Saldanha Oliveira - Riba D'Ave - Puch MC Professional 50cc |
As fábricas tinham as suas preferidas – Casal com a pista do Tabueiro e Águeda – ( Casal d´Alvaro ) território da SIS.
1982 - Campeonato Nacional 125 - Alto da Guerra - Setubal - Yamaha YZ J |
Os pisos oscilavam entre uma terra bastante preta que quase não fazia pó nalgumas pistas do Norte passando pela zona centro com bastante pó ou só areia ( na zona de Setúbal, devoradora de correntes, cremalheiras e motores ), até ao Algarve com a famosa pista inicial da Cortelha que para além de ser bastante perigosa se corria literalmente sempre a fundo sobre “calhaus”
1983 - Cortelha - Campeonato Nacional 125 - Yamaha YZ K |
que tudo furavam ( pneus, escapes, bainhas de suspensão, capacetes, óculos e restante equipamento ) a preparação para esta prova era cómica ; protecções de aço no escape e bomba de água, de mãos, capacetes revestidos a plástico c/ fita isoladora, viseiras capacete baixadas e reforçadas, pilotos com reforços de cartão no equipamento… antes das partidas mais parecíamos uns cavaleiros medievais .
1984 - Cortelha - Campeonato Nacional 125 - Yamaha YZ L |
Foi nesta pista que o Ze Carvalho e o Ze Santos tiveram acidentes graves - ver A Segurança
As partidas, cronometragens, boxes e parques fechados eram caóticos - ver As Organizações
Este constante amadorismo das organizações originou um atraso de quase 10 anos neste desporto e em boa verdade o sucesso e evolução das pistas deveu-se mais à constante intervenção dos pilotos do que à imposição de qualquer regra pela federação ou influência da comunicação social.
Bastantes circuitos, com algumas melhorias, mantêm-se activos após estes anos todos e outros já foram desactivados ou subterrados pelos tempos ( auto-estradas, cidades, etc ) no entanto alguns ainda estão parcialmente ou totalmente visíveis no Google Earth ( ver pistas AQUI )
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