Circuito Granja Marques |
Inesquecíveis o som e o ambiente das corridas dos circuitos de Cascais e da Granja do Marquês, ver os carros nas boxes acompanhado pelo Avô.
Bastante divertidas também as estradas de Sintra a caminho da Granja no Austin Healey com o Pinto Basto e tio Ze Manel, se a minha Mãe soubesse das velocidades...
Anos mais tarde a box do circuito de Cascais que eu considerava quase sagrada tinha uma casa lá dentro !! desculpei pois pertencia aos pais do amigo Luis Valadas Fernandes, companheiro inseparável dos primeiros tempos das motos ( que também tinha uma mini-enduro ) com o Nuno Vinhas e o Afonso Burnay.
A linha das boxes permaneceu intocada até 2009.
No Natal de 1971 deram-me uma Raleigh Chopper mk1, que pouco tempo depois tinha uma roda grande à frente e volante de motocross, saltando tudo o que era saltável e mesmo o que não era..
muitos garfos e rodas parti eu
Nessa altura Cascais acabava no bairro social da Torre, nada estava urbanizado, as casas na Qta da Marinha contavam-se pelos dedos, existindo três estradas alcatroadas, tudo o resto pinhal sem fim com alguns caminhos em terra, zona quase abandonada, onde anos mais tarde fazíamos corridas com os carros dos pais ( sem os pais saberem ) e onde o Salvador Vilar Gomes, Chico Casanova e outros tiveram algumas espetas valentes.
Próximo da Capela de São José da Bicuda, existia uma zona chamada Poço da Morte cheia de todo tipo de saltos e circuitos possíveis para bicicletas e motos. Era a zona ideal para a Raleigh Chopper transformada !!
Por lá andava também o Jorge Leite numa bicicleta semelhante e os saltos e cavalinhos passaram a ser em conjunto.
Uns tempos depois foi-me oferecida a primeira moto, uma Yamaha Mini-Enduro, moto fantástica !!, a partir daí tudo passou a ter uma nova dimensão.. sendo gradualmente retirado à Yamaha o que era dispensável, piscas, faróis, etc
Yamaha Mini-Enduro |
Como Cascais era muito pequena, todos se conheciam, sobretudo os das corridas, ficando muito mais pequena com a revolução e a debandada de muitos para o Brasil..
Tive pena de não poder ir a uma corrida organizada pelo João Paulo Thomaz nos terrenos da Tapada de Mafra em que alguns foram com as motos artilhadas a fazer um barulho infernal pela estrada com escolta policial do presidente..
Chegou a ser noticia no Jornal Volante, mas como tinha tido más notas, fiquei de castigo !!
Com ou sem revolução o Poço da Morte era um frenético ponto de encontro de amizades e corridas particulares. ( nos melhores momentos tinha algumas centenas ) Eram constantes os grupos que vinham de Lisboa pelas estradas secundárias sem carta só para lá rolar.
119 - Domingos Tavares / Eu saltando / 46 - Andre Holstein Castro |
O André Holstein Castro e Domingos Tavares eram uns dos aventureiros Lisboetas, o André na época com uma mini-enduro igual à minha, mais tarde voltámo-nos a encontrar nas corridas a sério.
Pedro Pinto Tomas Melo Breyner - 78 |
Existia quase uma selecção natural entre os mais rápidos / dotados e ao fim de pouco tempo lá andava eu atrelado a um grupo muito bom de que faziam parte o Zé Vilar, Miguel Vilar, Zé Manuel Neves, Pedro Pinto e o Tomás Melo Breyner.
Tomas Melo Breyner - Sachs - Paço D'Arcos 1976 |
O Tomás tinha uma forma muito especial de condução ele e a moto eram um só, as passagens de caixa na lama para aproveitar o motor ao máximo eram únicas e demorei alguns anos até ver um estilo parecido.
Aquela condução influenciou um pouco a minha, sobretudo quando comecei a ir para a Serra de Sintra ( ainda não alcatroada ) e tinha de tentar acompanhar aquela gente super rápida numa Mini-Enduro com pneus lisos…
Gilera 5V Trial 50 |
A Yamaha de tanto perseguir motos mais potentes ficou estafada, e lá convenci os Pais a trocá-la por uma moto de todo terreno a sério a “Gilera 5V Trial 50” ( em período pós-revolucionário já tinham aceite a inevitável atracção do filho “aborrecente” pelas motos ).
Gilera 50 - Qt Marinha - Poço da Morte - "pose para a namorada" |
Ao fim de algum tempo a Gilera normal já não chegava e era necessário artilhá-la !!.
Nessa altura andava pelo Poço da Morte, o Eng.º Luís Matias na sua Yamaha DT 250 ( bicho raro ), bastante meticuloso na preparação e manutenção das suas motos e que vivia na Parede. Combinámos montar oficina de preparação numa pequena arrecadação na zona dele ao lado da casa dos pais do Duarte Cancela de Abreu, fervilhando aquilo de furiosos aprendizes de preparadores, uns para pista como o Rogério Nery e outros para o motocross.
Como também trabalhávamos a fibra de vidro, depósito, guarda lamas e caixa do filtro da Gilera passaram a ser em fibra ( coisa bastante avançada para a época ).
Nuno Romão |
Entretanto as preparações passaram para a garagem dos meus pais no Estoril, para desespero dos vizinhos tal era o barulho.
Eram constantes os amigos que apareciam, como o Diogo Mello, Tiago Maccario, Diogo Rocheta, Pedro Gonzalez e o meu primo Nuno que também adorava motos.
Acabavam sempre por ver os “segredos” dos artilhanços…
A pouco e pouco a moto de série começava a parecer-se com uma verdadeira moto de corridas, faltava só o verdadeiro teste : as corridas a sério !!
Estoril - Gilera 50, preparada e pronta para as corridas !! |
Depois de tanto esforçado trabalho é claro que aquela moto não seria para andar na rua ( só para competir – pelo menos era a minha intenção ), e após bons resultados nos estudos lá convenci os pais a comprar uma Kawasaki KE 125 ( mesmo sem carta.. )
A paciência e a compreensão da minha Mãe não tinha limites..
O Guincho e a Serra passaram a ser quase segunda casa, memoráveis as travessias Cascais – Torres Vedras sempre pela terra ( hoje em dia impossível ) algumas vezes com o Zé Megre na sua Ossa e uns quantos trambolhões meus mais ou menos graves.
Kawasaki KE 125 |
Poucos sabiam a ligação de Sintra a Torres sempre pela terra, o Zé Maria Sá Chaves era um deles
Nessa época existiam corridas na Rampa da Pena com motos de pista e de motocross com pneus de estrada, era uma delicia ver as Hondas Elsinores bater as Yamaha TZ de pista, sobretudo com o louco do Joaquim Simplício guiando a Elsinore..
E finalmente após tanto artilhanço e corrida privada lá resolvi dar o grande salto e participar numa prova a sério.
Nos anos 70 o Campeonato Nacional de Motocross passava pelo estádio do Jamor em Lisboa tendo no seu programa uma corrida de Populares ( sem necessidade de carta desportiva ), lá me inscrevi e.. não é que ganhei facilmente as duas mangas…
O vírus estava definitamente infiltrado !!
Ainda houve uma fase em que pensei correr também a “sério” em pista ( O Autódromo do Estoril estava no auge e era uma atração rolar naquele alcatrão ), sobretudo depois dos artilhanços experimentais na Parede, e do Pedro Pinto deixar guardada em minha casa uma Minarelli de pista com que competiu algumas vezes.
Comprei uma Ducati 50TS para a tentar preparar devidamente ( que com grande desgosto meu tive de vender por ter chumbado um ano ) e mais tarde uma Yamaha 50 RD com que ganhei algumas provas populares no Autódromo para motos standard. ( na realidade não estava assim tão standard, mas as outras também não )
Yamaha RD 50
Uma tarde no eterno Poço da Morte, entre a habitual actividade, um mecânico do Cobre ( José Carlos dos Santos – mais conhecido por Zé Mécanique ) propõe-me uma sociedade, ele forneceria a moto, ( Puch Cobra 50 ) peças e transporte, dividiria-mos o prémio e eu ficaria com as taças. A partir daí começaram as provas a sério com todo o ano de 1977 em provas piratas, a parceria irá durar até 79.
São raras as fotos do "Ze Mécanique"
sempre bastante cioso dos seus segredos
Uma das primeiras corridas com a Puch Cobra
em Paço D'Arcos
1977 - Puch Cobra - Paço D'Arcos - Extra Campeonato |
Da Qta da Marinha veio também o Francisco Rodrigues ( Chico da MR ) que me acompanhou nos Nacionais de 83 e 84 |
Por lá ainda fiz alguns anúncios , abaixo o dos jeans Red River para a TV com a yamaha 125 dtmx.
Link Filme aqui : Jeans Red River - Qt Marinha
Também nesse período de estaleiro ainda me pediram para colaborar no percurso do Enduro de Cascais e criar um circuito de cross no Autódromo.
testando o salto que iria encher de água
para surpresa dos enduristas
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