Autosport - 1983 |
Organizações - Os locais
Automundo 1982 |
para alem das pistas das marcas importantes, Sachs e Casal ( ver Pistas ), os organizadores estavam limitados pela disponibilidade dos terrenos, chegámos a ter provas em locais onde as nossas carrinhas dificilmente chegavam e donde também não saíam nos dias de lama.. ( só puxadas por tractores )
Tudo valia, desde os terrenos à volta dos campos de futebol da zona ( até convinha ), passando pelos cedidos temporariamente, até aos bem profissionais onde eram feitas as provas internacionais e do campeonato nacional
Raramente eram organizadas provas em que a receita revertia para o desporto e pilotos.
Organizações - O calendário
Para encher ainda mais o recinto, as datas das provas eram “cientificamente” escolhidas, o Calado e os “clubes recreativos" de localidades próximas, tentavam não colar no calendário uma prova à outra para haver intercâmbio de espectadores entre zonas.
No dia do evento lá víamos nas estradas massas de atrelados puxados por tractores cheios de público a caminho da prova.
O Team Laranjina C mais tarde usou um sistema semelhante
Existiram também acordos com as GNR’s locais para acabar com as piratas, ( GNR’s e Bombeiros também tiveram direito às suas provas de apoio ) ( ver Federação )
Todas as provas ( mesmo as piratas ) colavam o habitual panfleto numa vasta área à volta do acontecimento, ainda não existiam muitas rádios locais
Difícil era encontrar a pista, tal o sítio onde a plantavam..
Só o 1º Grande Premio em Águeda teve a devida promoção na Tv
Águeda sempre foi um caso especial, aparte alguns pormenores..
Organizações - O recinto
Após local estabelecido, o tratamento que lhe davam era variado
Organizações |
A peça mais importante era o atrelado de caixa aberta onde tudo se concentrava, organização, taças, cronometragem, presidente da junta e família.
Nos dias de chuva levava capota para facilitar ainda mais a cronometragem…
A receita da bilheteira raramente estava no atrelado, porque quando as coisas não corriam bem havia o risco de o publico exigir o dinheiro de volta !!
Nos dias de chuva levava capota para facilitar ainda mais a cronometragem…
A receita da bilheteira raramente estava no atrelado, porque quando as coisas não corriam bem havia o risco de o publico exigir o dinheiro de volta !!
Parque do publico e boxes eram na maior parte das vezes zonas abertas e éramos nós que escolhíamos onde queríamos estar, mais à sombra ou onde a carrinha conseguia chegar. Depois delimitávamos as nossas zonas.
Houve pilotos Internacionais, presentes em 83 / 84, que viam o nosso Motocross muito semelhante ao País deles de à dez anos… ( Ver Entrevistas - 1984 Maurizio Dolce )
Antes das galinhas acordarem já tínhamos romarias em direcção à pista e havia quem optasse por ficar de véspera a dormir no circuito, para os pilotos era muito difícil ter-se acesso com tanto carro e gente numa estrada mínima.
Antes das galinhas acordarem já tínhamos romarias em direcção à pista e havia quem optasse por ficar de véspera a dormir no circuito, para os pilotos era muito difícil ter-se acesso com tanto carro e gente numa estrada mínima.
Parques de verificações técnicas, pré-grelha e boxes vedadas ao público eram raros, mas
curiosamente quando existiam certos acompanhantes de pilotos faziam algumas“habilidades” ( ver Tecnica de condução ).
Na prática estávamos melhor no nosso castelo !!
1980 - Yamaha YZ 125 G - Team Goldoni |
1980 - Motor |
Organizações - A bilheteira
Houve provas importantes com mais de 8000 espectadores pagantes que chegaram a ter 3 tipos de bilhetes no mesmo dia e só a percentagem da receita de um ( 10 % ) reverter para a federação.
O Motocross financiava literalmente tudo… chegando até a promover clubes de futebol ( muito deve o Futebol Clube de Penafiel ao Motocross )...
...equipes de ciclismo, centros paroquiais, bandas filarmónicas… e até a Velocidade dependia dele.
1980 - Penafiel 5 Miguel Romao - 9 Jorge Leite - Team Goldoni - Yamaha 125 G |
Motor 1983 - Jorge Morgado |
Ambulâncias e rega por vezes só eram pedidas após já existir bilheteira feita...
( ver A Seguranca )
( ver A Seguranca )
à excepção das boas organizações a delimitação da pista fazia-se com fitas entre árvores e pneus protegendo-as das motos que lá vinham…
o publico controlava a largura da pista em função da competição ( Ver O Publico )
Organizações - A cronometragem, classificação e fiscalização de pista
Era assunto sério e variava desde o mais improvisado ao mais profissional
Particularmente nas piratas e extra-campeonato, toda a comunidade local participava, os homens tratavam da pista, controle de bilheteira e outras facturações...
as crianças ficavam com a responsabilidade das bandeiras - fiscais de pista
1979 - Yamaha YZ 125 F - Team Goldoni |
1979 - Puch MC Professional 50 - Team Goldoni |
1981 - Jorge Leite - TGM 125 |
As senhoras mais letradas e os reformados tinham a responsabilidade de zelar pelo volta a volta...
...como aquela gente tinha alguma dificuldade em distinguir as ámotoras e os pilotos cheios de chão ( sobretudo nas provas de lama )
no fim as classificações eram as mais diversas, razão para muitas horas de atraso na entrega dos prémios.
Em ultimo recurso, lá estava o Carlos Barreiros vendendo as suas classificações...
( Ver Comunicacao Social )
Por vezes estava pronto um lanchinho para a entrega dos prémios, mas ao fim de horas de espera os pilotos esfaimados vandalizavam o dito.
( Ver Comunicacao Social )
Por vezes estava pronto um lanchinho para a entrega dos prémios, mas ao fim de horas de espera os pilotos esfaimados vandalizavam o dito.
prémios entregues já noite dentro
Santos - Neves - Romao 1983 - Extra Campeonato - Ponte da Asseca Kalssas e Santos já prontos e ansiosos pelo regresso a casa... |
O engenho Português não se ficava só pela modificação / melhoramento das “ámotoras”. À falta de cronómetros ( se é que alguém sabia trabalhar com eles ) faziam duas pequenas corridas de 10 minutos, uma com os pilotos de dorsal par e outra de dorsal impar, a grelha de partida era ordenada pela ordem de chegada destas pré-classificações, e depois então a corrida principal de 2 mangas de 45 minutos mais 2 voltas, essa sim já pela cebola ( mas isso era a parte fácil ).
Este sistema chegou a ser utilizado nalgumas provas do Campeonato Nacional
Lembro-me de uma prova na zona da Malveira em que nos deixaram rolar quase 60 minutos porque as bifanas e as mines estavam a vender bem… entretanto as motos iam parando por falta de gasolina…
Lembro-me de uma prova na zona da Malveira em que nos deixaram rolar quase 60 minutos porque as bifanas e as mines estavam a vender bem… entretanto as motos iam parando por falta de gasolina…
Para as provas do campeonato o Calado ( Ver Federação ) contratava a equipe de cronometragem da Longines, Omega em 1979, que era também a do Autódromo do Estoril, só era complicado quando existiam várias provas no mesmo dia a necessitar dos cronómetros tendo a equipe de se desmultiplicar e lá surgia a confusão.
A relação da Longines com a imprensa nunca foi a melhor ( os jornalistas não tinham a paciência dos pilotos )
A relação da Longines com a imprensa nunca foi a melhor ( os jornalistas não tinham a paciência dos pilotos )
Motor 1979 |
Organizações - Prémios de corrida
Eram habitualmente taça e prémio monetário até ao 5º lugar, nas boas organizações até ao 10º. Por vezes a taça era substituída por lembrança alusiva ao local, lembro-me de algumas organizações substituírem a taça por lagosta ( com os prémios expostos um dia inteiro ao sol sempre duvidei da qualidade do bicho ).
As provas de campeonato tinham uma tabela que regulamentava o valor dos prémios, não podendo ser inferior a determinada quantia, obvio que todas as organizações nunca ultrapassaram esse mínimo !!!
Muito raramente tivemos provas cuja receita revertesse totalmente a favor do motocross / pilotos.
Muito raramente tivemos provas cuja receita revertesse totalmente a favor do motocross / pilotos.
Organizações - Subsídio de deslocação
A dada altura e como eram sempre os mesmos na tabela cimeira das classificações, a federação, de forma a fomentar a participação e evolução de novos pilotos, introduz o subsídio de deslocação que era pago ao quilómetro tendo como base a residência da carta desportiva do piloto.
Muitos repentinamente passaram a viver no Algarve, o Calado ( Ver Federação ), sabendo a real situação não aceitou. Alguns ainda tentaram… já com carta desportiva emitida noutro local, apareceram nas provas com certidões de residência do Algarve, pagando as organizações os respectivos subsídios, o que deu direito a suspensão de licença.
Organizações - Prémios de presença
Houve uma fase em que tal era a quantidade de provas que não existiam pilotos suficientes e os organizadores para terem uma cabeça de cartaz garantida pagavam prémio de presença aos pilotos mais importantes, era comum anunciarem-nos no mesmo dia em locais diferentes e só depois nos contactarem.
Erro crasso, pois uma presença bem trabalhada era bem superior ao 1º Lugar, e da noite para o dia os pilotos tornaram-se “empresários" negociando a sua presença no local.
Nem precisávamos de ganhar, bastava estar lá… foi nessa fase que se começou a saltar sem mãos e outras habilidades para o espectáculo.
1983 - Yamaha YZ 125 K |
1984 - Yamaha YZ 125 L |
Organizações - Os estrangeiros e os prémios
Para alem da “bordoada” que levavam em pista também tinham tratamento especial fora dela, é que “de vez em quando” vezes remontávamos as taças com a base do primeiro e o topo do último, e lá iam eles todos felizes e contentes com as taças tipo “anãozinho”.
Após fotografia do evento e já de taça na mão, aconteceu na hora de receber o dinheiro o organizador ter desaparecido.
Após fotografia do evento e já de taça na mão, aconteceu na hora de receber o dinheiro o organizador ter desaparecido.
Habitualmente as melhores organizações/pistas que eram da responsabilidade de pilotos ou mecânicos corriam bem, no entanto a única prova organizada pelo Zé Santos foi a excepção que confirmou a regra.
Tudo o que não devia ter acontecido, aconteceu !! Chuva torrencial e o público sem aparecer, o que era raro, porque mesmo molhados não faltavam à chamada.
O Zé sem receita suficiente para prémios e outros custos propôs a indemnização em forma de géneros, como trabalhava com os pais na industria do mobiliário abriu as portas da oficina e pôs à disposição as existências...
achei aquilo tudo bastante deprimente e voltei para casa, no entanto sei que alguns na necessidade de um “conjunto de sala de jantar” ou de “quarto” se esticaram…
a partir dessa prova o rapaz passou a olhar para os “colegas” doutra maneira.…
Tudo o que não devia ter acontecido, aconteceu !! Chuva torrencial e o público sem aparecer, o que era raro, porque mesmo molhados não faltavam à chamada.
O Zé sem receita suficiente para prémios e outros custos propôs a indemnização em forma de géneros, como trabalhava com os pais na industria do mobiliário abriu as portas da oficina e pôs à disposição as existências...
achei aquilo tudo bastante deprimente e voltei para casa, no entanto sei que alguns na necessidade de um “conjunto de sala de jantar” ou de “quarto” se esticaram…
a partir dessa prova o rapaz passou a olhar para os “colegas” doutra maneira.…
Por vezes o publico exigia o dinheiro de volta
Organizações - Formas de partida
Organizações - Formas de partida
Inicialmente os pilotos tinham de ter a mão da embraiagem no capacete e só na bandeirada larga-la, como resultado tínhamos pilotos de cabeça encostada ao volante e até uma 2a manete de embraiagem no lado do travão.
Arranque de mão no capacete |
Passou-se por uma fase em que os mais lentos eram postos na linha da frente e os mais rápidos na de trás, também não resultou muito bem pois havia quem fizesse maus tempos de propósito para ficar sempre à frente.
1976 - Algueirão - Pista da Barrosa - Organização Almerindo Ribeiro Cruz ( A ) Raposo - Simonini / ( B ) Romao - Gilera / ( C ) Leite - Casal |
As grelhas de partida até chegarem ao formato moderno tiveram diversas versões.
Inicialmente eram muito curtas o que dava que os pilotos da fila de trás ( com tempos mais fracos ) não esperassem pelo cair da grelha e arrancassem pelo lado de fora.
Noutra fase já largas mas frágeis dobravam/partiam com a força das motos e tínhamos de esperar que fossem reparadas para nova partida.
Noutra versão ainda, com a grelha a cair para a frente, todos olhava-mos para trás porque na realidade a grelha caia ao sinal do fiscal de partida posicionado nas nossas costas.
Até que lá se evolui para a versão moderna.
A partida mais comum sempre foi o responsável depois de confirmar que estava tudo bem caminhar em frente e de costas para a grelha dar a bandeirada, só não sei como nunca o atropelámos
Os organizadores fossem eles moto clubes, associações desportivas, clubes recreativos, comissões de festas, clubes de futebol e afins ( Federação incluída ) salvo raras excepções nunca souberam cuidar da galinha dos ovos de ouro.
Houve outras modalidades bem melhor tratadas pelas mesmas entidades.
Houve outras modalidades bem melhor tratadas pelas mesmas entidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário